terça-feira, 22 de outubro de 2013

(Impossível)

Existem perguntas que não têm razão de existência. Por exemplo, qual o momento da vida você escolheria viver novamente?

Ora, numa explicação rápida e certa, e caso queira uma explicação mais precisa leia Espinosa, os momentos da vida são únicos. E cada vez que há uma interação nossa com o mundo (o que ocorre o tempo todo) nós modificamos o mundo e o mundo nos modifica. Assim cada instante de interação transforma o ser e o ser transforma o homem. "Nada do que foi será denovo do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará..." filosofia espinosiana pura.

Pois bem, então pq imaginar que aquela pergunta inicial é sem sentido? Pois não somos mais os mesmos. Se você voltasse a um tempo antigo, provavelmente faria coisas diferentes, pois já sabe o resultado e provavelmente não teria o mesmo resultado. Talvez fosse até pior.

Assim, só resta uma alternativa a nós, viver o agora. Foi ótimo tudo que passou, mas só é possível viver o presente, viver o passado ou de passado não é frutífero e esperar tudo para o futuro é adiar o viver.

Então, ao invés de perguntar qual momento viveria novamente, pergunte-se o que todas essas vivências lhe trouxeram? Eu tenho ótimas lembranças, mas não tenho um presente. Frustrante.

Instantes que queremos eternizar

Nestes últimos dias, falei sobre a felicidade, sobre como é bom este estado e o quanto o desejamos em nossas ações. Basicamente tudo que fazemos é visando a felicidade.

Se trabalhamos ou estudamos com afinco, é buscando a satisfação pessoal do trabalho bem feito ou da matéria bem aprendida. Ou, e um "ou" bem grande, visando ganhar dinheiro num futuro imediato e, com esse dinheiro, adquirir coisas que lhe trarão felicidade. Na maioria das vezes o dinheiro traz felicidade.

Não seria nem um pouco inteligente ignorar que existem muitas coisas que o dinheiro não compra. Um abraço apertado, um beijo, uma paixão avassaladora, um sorriso, a saudade, boas amizades.... Os bens materiais ajudam sim a ter tempo, condições, confortos físicos para desfrutar destas alegrias gratuitas.

Vou exemplificar com algo sobre mim. Em 2010 estive na Argentina assistindo a final da Copa Sulamericana de Futebol, Independiente e Goiás. Aquele dia vive em minha mente com uma saudade nostálgica. Aquele foi um dos dias que eu nunca gostaria que terminassem. Aquele é um belo exemplo de estado de conforto, de amenidades, de realização pessoal que por mim deveria durar para sempre. E seu eu não tivesse dinheiro para estar lá? Não teria acontecido. Não existiria aquele instante.

Porém, quero lembrar do ovo de páscoa novamente, imagine que eu realmente aquele dia tivesse durado até hoje. Provavelmente eu já teria me enfadado terrivelmente e sentiria tantas saudades que a única coisa que me traria conforto seria o retorno a minha cidade, as minhas coisas, ao meu ambiente que era familiar. Na verdade no dia seguinte ao do jogo eu ja estava com vontade de voltar, e foi uma grande aventura.

Mas a pretensão é explicar a felicidade. Felicidade é interagir com as coisas que lhe fazem bem, que lhe trazem conforto e que, de outra maneira não precisariam ser. Coisas que se satisfazem em si mesmas. Um beijo que seria tão prazeroso como só ele poderia ser. Que lhe desperta a vontade daquele instante nunca terminar.

Por isso, felicidade depende de cada um, de como cada coisa afeta cada ser. Então nunca critique ou outro por uma coisa que para você poderá ser besta ou sem importância ou causar desconforto. Para o outro poderá ser extremamente recompensador ou feliz!

Viva sempre em abundância!

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Reflexões de um ser descobridor

Não tenho dúvidas que, ao escrever, também me descubro. Tenho prazer em escrever aqui, no instante que estou refletindo, estou descobrindo repostas. Respostas mais verdadeiras que aquelas vazias que, na verdade, não respondem nada.

Mas precisamos organizar estas idéias. Voltamos ao ovo de páscoa. Acredito que, depois de ouvir falar nele naquele post, passou a desejar um. Imagine, em outubro você ser o único a ter e comer tal guloseima. Você quer aquele doce, deseja fortemente. Seria feliz, num instante ao menos, se comesse aquele ovo de páscoa.

Você deseja aquilo que não tem. Ama aquele ovo de páscoa pois não o possui. Seria completa, teria um alívio na inconformidade existencial se tivesse aquele pedaço de chocolate embrulhado em papel laminado. Então desejo é, por definição, querer aquilo que nos falta.

Segundo Platão, amor é desejar aquilo que não se tem. Se não tem, mas deseja muito, ama. Amor platônico, fácil de entender. Mas amor platônico só explica parte de um querer, de um relacionamento, de uma convivência amorosa. Pois depois que se tem aquilo que se deseja, não existe mais lugar para o desejo. Se já tenho, não há sentido em desejar.

Certamente o amor platônico explica parte, a parte do desejo. Mas com o relacionamento estabelecido, toma lugar outra forma de amor, o amor socrático. Sim, todos conhecem o platônico, mas poucos sabem i que Sócrates diz sobre o amor. Para ele amor é alegrar-se. Você ama aquilo que lhe deixa feliz, aquilo que te faz bem.

Naquele momento que estiver comendo o ovo de páscoa você estará feliz, ele estará aliviando boa parte de um problema que é viver, existir. Para Sócrates, o amor é o que te torna feliz, mas ainda não tem uma explicação definitiva. Por este motivo ter só ovo de páscoa não vai o deixar feliz. Há a necessidade de outra ação ao menos incidente.

Segundo o que entendi, foi Jesus que ajudou a vencer este entendimento. Para Jesus amar é renunciar a própria felicidade em prol da felicidade de outro. Amar ao próximo como a ti mesmo. Então, neste entendimento, amar é mais que a própria existência do ser que ama, transcende ao outro e nos torna satisfeitos em ver o outro feliz.

Acho este último pensamento o mais difícil. Quantas vezes você fez algo para outrem sem querer nada em troca, realmente quantas vezes? Quantas vezes, num relacionamento, você fez a vontade do outro, não para cobrar isso dele mais a frente, fez apenas por fazer e querer fazer. Essas respostas são bem difíceis de aceitar.

Facilmente pode fechar o círculo, amar é desejar, ser feliz e ter a felicidade do outro como sua própria felicidade.

Desesperador! Se alguém ler aqui pensando em se alegrar, sinto muito, mas nada na vida é fácil.

Então, reflita, você desejou alguém? Ter esta pessoa te tornou feliz? E fazer a felicidade bastaria para ser feliz?

Faz falta alguém para conversar.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Tem um nome esse sentimento

Vejamos o sentimento que nos permeia neste momento. Digo nós, pois este é um sentimento comum a nós dois, provavelmente ao todos os seres cientes.

Imagine a nossa vida, nossa vivência diária, tudo que se passa num dia de existência. Quantas pessoas, quantas interações, quantas respostas diárias, quantas decisões tomamos voluntariamente. Desde de a qual horário vamos acordar, qual roupa vestir, lavar ou não o cabelo, qual caminho tomar, etc. São pequenas decisões, que obviamente são renúncias a outras. Se vamos levantar cedo ou tarde depende obviamente da necessidade, vontade, oportunidade, ou seja, valores que você dá as coisas.

Assim, uma aluna que estuda no turno matutino na PUC, se para ela a aula tiver um valor elevado, ou a pontualidade, esta não vai levantar tarde, ele vai levantar cedo, mesmo contra outros sentimentos bons (o repouso, o aconchego do lar, a indolência natural)  para chegar a faculdade a tempo de acompanhar a aula a ser ministrada. Ela decide assim pois o valor dado a aula, ao aprendizado, é maior que aos outros disponíveis ou comparados naquele momento.

Este é um exemplo, durante todo momento realizamos estas escolhas, para todos os aspetos da vida. Acredito que você só não escolheu nascer. São infinitas escolhas e até mesmo o não escolher é uma escolha.

Mas agora eu lhe pergunto, e o que tantas escolhas trazem de sentimentos?

A resposta não é de simples entendimento.

Pensemos nas escolhas amorosas. Você provavelmente já escolheu em uma determinada situação continuar ou não um relacionamento. Deixando de lado os aspetos, motivos e condições que o levaram a este questionamento, pensemos somente naquele instante da decisão, continuar ou não um relacionamento.

Digo, com um certo tom pessimista, qualquer que seja a decisão, ela muito provavelmente vai lhe trazer junto a ANGÚSTIA. Na verdade a angústia antecede a decisão. Só de pensar em continuar ou não, vai ser torturante, causará desconforto, moléstia da própria existência humana, escolher é torturante. Muito provavelmente por não haver um roteiro escrito. Imagine que tenha escolhido o rompimento, e depois a realidade se torna muito pior, você não encontra ninguém tão bom quanto, ou não gosta da pessoa do novo relacionamento, ou vários outros motivos leva a causar a angústia. Não saber o que teria sido melhor, será que não seria melhor ter continuado aquele relacionamento? Esta é a ANGÚSTIA.

Angústia é sentimento derivado das escolhas. Não saber o que escolher ou não ter certeza de ter feito uma boa escolha (de acordo com os valores estabelecidos pelo indivíduo que escolheu) é angustiante!

Lembra do ovo de páscoa? Imagine que antes de começar a comer aquele ovo de páscoa, o primeiro, o mais prazeroso, tenham lhe perguntado, você quer comer ovo de páscoa todos os dias? Suponhamos que a resposta seja sim. Obviamente depois de uns dois meses comendo ovo de páscoa surgirá um sentimento de desconforto quando falarem em ovo de páscoa, será torturante a hora de come-lo, e o prazer a muito tempo já se foi. Campo fértil para a angústia. Angústia de não saber se teria sido diferente se tivesse escolhido não comer ovo de páscoa, se teria sido melhor, como seria a vida sem aquele ovo de páscoa.

Estamos a um passo do arrependimento. Sentimento que surge para tentar abrandar a angústia, e muitas vezes consegue. As ações decorrentes daí é assunto para outra conversa.

Importante hoje é perceber qual é o sentimento que surge quando fazemos uma escolha. Se a escolha foi certa ou errada eu não posso responder, mas há boas pistas para cada um buscar essa resposta. Tem pensado muito nas outras alternativas? Tem sentido esta angústia? Um desconforto permanente? Está mais feliz ou num estado de felicidade melhor? As outras alternativas parecem um pouco melhores?

Cada um tem sua resposta.

Estou gostando de escrever sobre estes aspectos humanos. Certamente vou escrever mais. Lembrando, o texto é meu, as idéias universais.

Uma vida sem entender

Bem, tenho que me inserir neste contexto de não compreensão plena da vivência humana.

Meus 30 anos ainda não foram suficientes para encontrar todas as respostas. Mas certamente já me colocaram no rumo de muitas delas, e isso me traz uma sensação de completude e percepção de situações que, de outro modo não entenderia.

Veja, primeiramente, a própria existência. Nós, seres humanos não vivemos só a nossa própria natureza, somos seres essencialmente transcendentes. Somos além da nossa simples existência. Existir não basta. Um pássaro, uma pedra, uma árvore, para eles, existir basta. Já nascem com tudo que precisam saber para a vida toda. O pássaro já nasce sabendo como viver, fazer um ninho, voar, bicar, tomar banho... então, da mesma forma, a árvore na sua existência de árvore e a pedra com sua natureza de pedra.

Mas nós, seres humanos não, nós não temos uma receita de existência pronta. O dia que nascemos é só o princípio de uma vida transcende a nossa natureza. Isso decorre, creio eu, primeiro da nossa consciência de nós mesmos. Somos introspectivos, refletivos, pensantes, contemplativos e outros tantos de características que nos denominam inteligentes.

Comer, beber, dormir, morar, reproduzir e existir não é suficiente. Imagine a sociedade mais primitiva próxima a nós, os índios. Antes da aculturação, no estado primitivo de existência, eles não tinham muitas preocupações, caçavam, pescavam, coletavam, sem muitas das preocupações modernas. Para eles, uma situação quase animalesca, não num sentido pejorativo, mas mais próximo a uma colmeia que a nossa sociedade atual.

Porém, até mesmo neste caso, dos índios, havia necessidade de superar aquela situação, haviam os caciques, os pagés, melhores guerreiros, etc. Era necessidade básica querer ser melhor que o seu semelhante, eles se compararam e tinham noção do que era bom ou ruim, começando a atribuir valores a determinadas características numa consciência comum, lógico que respeitando certas variabilidades individuais que vamos construindo junto com a consciência.

Mas não é isso que interessa, acredito que já entendeu a nossa inquietude inerente a nossa natureza humana. Então, complementando aquele pensamento de ontem, por qual motivo não nos contentamos só com ovo de páscoa? Por ser essa nossa natureza. Temos naturalmente uma inquietude derivada da nossa perceção e comparação inteligente.

Assim, tratando de relações interpessoais, necessariamente vão ser buscadas melhoras. Um relacionamento duradouro (e sadio, pois existem aqueles fincados no comodismo, interesses econômicos, por coação, etc.) invariavelmente terá mudanças.

Mais uma vez digo, o texto é meu, as idéias nem tanto, são conceitos antigos.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O que lhe faz bem?

Sinceramente, estou escrevendo para você.

Já perguntou o que lhe proporciona um estado de felicidade? Felicidade, aquele estado de satisfação, completude, bem estar, prazer... Então, pense aí, o que lhe traria felicidade agora?

Vamos supor que tenha respondido que lhe traria satisfação agora um ovo de páscoa. Falando nisso, quero dizer que EU tenho um ovo de páscoa. Então, se tivesse agora um ovo de páscoa teria um estado de felicidade. Significa que ovo de páscoa lhe traz felicidade.

Então você come este primeiro ovo de páscoa e sente aquela felicidade, aquela sensação boa... E logo vai querer outro, muito bom também, não tão bom quanto o primeiro, mas muito bom também. E assim vai sucedendo. Imagine que você coma um ovo de páscoa todo dia, do seu sabor preferido, todos os dias o mesmo ovo de páscoa... Depois de um ano, você não vai gostar mais daquele ovo de páscoa do mesmo jeito... Provavelmente depois de uns três anos você vai odiar aquele ovo de páscoa e felicidade será NÃO comer ovo de páscoa.

Então comer ovo de páscoa lhe traz felicidade, mas felicidade momentânea. Depois você vai querer comida japonesa, em seguida um bolo, depois um brigadeiro, em seguida um suco, no outro dia um sanduíche, depois uma carne assada e em outra semana você volta a comer um ovo de páscoa...

Fácil de entender, é a diversidade de coisas boas momentâneas que, somadas, nós enche de pequenos estados de felicidade.

Mas vamos transplantar esta comparação para pessoas.

Quem lhe traria felicidade agora?

Não sei qual a resposta, mas suponha que seja uma pessoa, mas não qualquer pessoa, uma de determinada época. Tipo o fulano que eu conheci em 2007.

Já entendeu onde eu quero chegar. Se fosse este fulano o mesmo de 2007, provavelmente você já não o aguentaria mais em 2009... Daí decorre a importância da mudança. Da necessidade de mudanças diárias. Nem todas serão boas, haverá dias em que você terá que comer jiló ou quiabo, apesar de ovo de páscoa ser melhor porém, no cômputo geral, comer muitas outras coisas é bem melhor que ovo de páscoa.

Ter ao lado pessoas que sempre mudam é bem melhor que ter uma pessoa perfeita, mas que sempre será a mesma.

Num primeiro momento é complicado imaginar que isso esteja certo, mas basta pensar um pouco e ver que, aquilo que lhe conquista te desafia, transforma com o tempo, é mutável, é gracioso, se renova diariamente, lhe torna feliz!

Essa idéia não é minha. É um conceito filosófico antigo. Felizmente a filosofia tem me ajudado a entender o mundo que me cerca.

Então não queixe das mudanças, elas são mais que necessárias, até mesmo em um relacionamento, são elas que vão proporcionar felicidade.