quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Reflexões de um ser descobridor

Não tenho dúvidas que, ao escrever, também me descubro. Tenho prazer em escrever aqui, no instante que estou refletindo, estou descobrindo repostas. Respostas mais verdadeiras que aquelas vazias que, na verdade, não respondem nada.

Mas precisamos organizar estas idéias. Voltamos ao ovo de páscoa. Acredito que, depois de ouvir falar nele naquele post, passou a desejar um. Imagine, em outubro você ser o único a ter e comer tal guloseima. Você quer aquele doce, deseja fortemente. Seria feliz, num instante ao menos, se comesse aquele ovo de páscoa.

Você deseja aquilo que não tem. Ama aquele ovo de páscoa pois não o possui. Seria completa, teria um alívio na inconformidade existencial se tivesse aquele pedaço de chocolate embrulhado em papel laminado. Então desejo é, por definição, querer aquilo que nos falta.

Segundo Platão, amor é desejar aquilo que não se tem. Se não tem, mas deseja muito, ama. Amor platônico, fácil de entender. Mas amor platônico só explica parte de um querer, de um relacionamento, de uma convivência amorosa. Pois depois que se tem aquilo que se deseja, não existe mais lugar para o desejo. Se já tenho, não há sentido em desejar.

Certamente o amor platônico explica parte, a parte do desejo. Mas com o relacionamento estabelecido, toma lugar outra forma de amor, o amor socrático. Sim, todos conhecem o platônico, mas poucos sabem i que Sócrates diz sobre o amor. Para ele amor é alegrar-se. Você ama aquilo que lhe deixa feliz, aquilo que te faz bem.

Naquele momento que estiver comendo o ovo de páscoa você estará feliz, ele estará aliviando boa parte de um problema que é viver, existir. Para Sócrates, o amor é o que te torna feliz, mas ainda não tem uma explicação definitiva. Por este motivo ter só ovo de páscoa não vai o deixar feliz. Há a necessidade de outra ação ao menos incidente.

Segundo o que entendi, foi Jesus que ajudou a vencer este entendimento. Para Jesus amar é renunciar a própria felicidade em prol da felicidade de outro. Amar ao próximo como a ti mesmo. Então, neste entendimento, amar é mais que a própria existência do ser que ama, transcende ao outro e nos torna satisfeitos em ver o outro feliz.

Acho este último pensamento o mais difícil. Quantas vezes você fez algo para outrem sem querer nada em troca, realmente quantas vezes? Quantas vezes, num relacionamento, você fez a vontade do outro, não para cobrar isso dele mais a frente, fez apenas por fazer e querer fazer. Essas respostas são bem difíceis de aceitar.

Facilmente pode fechar o círculo, amar é desejar, ser feliz e ter a felicidade do outro como sua própria felicidade.

Desesperador! Se alguém ler aqui pensando em se alegrar, sinto muito, mas nada na vida é fácil.

Então, reflita, você desejou alguém? Ter esta pessoa te tornou feliz? E fazer a felicidade bastaria para ser feliz?

Faz falta alguém para conversar.

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